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Sistemas de Armazenamento em Centrais Geradoras: A Solução Estratégica para o Curtailment no Brasil

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Sistemas de Armazenamento em Centrais Geradoras: A Solução Estratégica para o Curtailment no Brasil

O Setor Elétrico Brasileiro enfrenta um paradoxo operacional e financeiro: ao mesmo tempo em que a geração renovável bate recordes, o desperdício de energia atinge cifras alarmantes. Em agosto de 2025, o prejuízo acumulado por geradores com cortes compulsórios de geração, o chamado curtailment, chegou a R$ 880 milhões. Esse cenário é o sintoma mais agudo de uma transformação estrutural no Sistema Interligado Nacional (SIN), que migrou de uma matriz historicamente dominada pela previsibilidade das hidrelétricas para um ambiente de alta penetração de fontes variáveis, exigindo soluções urgentes de flexibilidade operativa.

A mudança de perfil do SIN é acelerada e irreversível. A participação das renováveis no atendimento à carga saltou de menos de 7% em 2016 para 26% em 2024. Ao final de dezembro do mesmo ano, a capacidade instalada totalizava cerca de 232 GW, com a fonte solar, somando a geração centralizada e a distribuída, respondendo por 22,2% do total e consolidando-se como a segunda maior fonte do país. Projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicam que, até o final de 2029, a soma das fontes solar e da micro e minigeração distribuída (MMGD) representará um terço de toda a capacidade instalada, alterando definitivamente a lógica de operação da rede.

Essa expansão massiva provocou uma inversão na natureza das restrições do sistema. Conforme os diagnósticos do ONS, o Brasil deixou de ser um sistema restrito em energia, com risco primário de desabastecimento por falta de água, para se tornar restrito em potência. Hoje, há abundância de recursos energéticos, mas faltam "músculos" para responder instantaneamente às variações bruscas de carga e geração. A intermitência das fontes renováveis obriga as fontes controláveis, como hidrelétricas e termelétricas, a realizarem rampas íngremes de operação para manter o equilíbrio do sistema, pressionando a segurança operativa.

A consequência direta da falta de flexibilidade é a explosão do curtailment. Quando a geração excede a demanda ou a capacidade de escoamento das linhas de transmissão, o operador é forçado a cortar a produção limpa. Dados da consultoria Volt Robotics revelam a gravidade da situação: entre janeiro e agosto de 2025, os cortes totalizaram 987 MW médios, o equivalente a 17,2% da produção potencial das usinas afetadas. O volume representa um aumento de 230% em relação ao mesmo período do ano anterior, evidenciando que a infraestrutura de transmissão não acompanha a velocidade da expansão da geração.

Diante da inviabilidade econômica e temporal de resolver esse gargalo apenas com a construção de novas linhas de transmissão, a solução técnica converge para os Sistemas de Armazenamento de Energia (BESS). Em resposta, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) estabeleceu diretrizes processuais para a outorga de centrais geradoras com armazenamento associado, criando um caminho regulatório para usinas híbridas. Essa sinalização fornece a segurança jurídica necessária para projetos que transformam a energia que seria desperdiçada em ativo despachável, mitigando o prejuízo dos geradores e devolvendo ao operador a controlabilidade necessária para a estabilidade do sistema.

OptGrid: Plataforma Integrada para o Ciclo de Vida de Sistemas Híbridos

A viabilidade técnica e econômica de projetos com gerações renováveis e sistemas de armazenamento depende de ferramentas de otimização e controle. A plataforma OptGrid oferece soluções para todo o ciclo de vida de um sistema híbrido, desde o dimensionamento até a operação e monitoramento.

A plataforma é composta por três módulos integrados:

• OptGrid-Size (Dimensionamento)

Realiza a otimização técnico-econômica do projeto na fase de concepção para definir a arquitetura de máxima rentabilidade, mitigando riscos de investimento.

• OptGrid-Flow (EMS – Gerenciamento de Energia)

Atua como o cérebro operacional da planta, executando o despacho ótimo e automático dos ativos para garantir uma operação eficiente e segura.

• OptGrid-View (Monitoramento)

Opera como uma interface de monitoramento avançado em nuvem, oferecendo visibilidade total da operação e recursos de análise preditiva para manutenção inteligente.

Dessa forma, a plataforma OptGrid entrega as ferramentas necessárias para que os geradores afetados pelo curtailment possam desenvolver e operar projetos de armazenamento de energia, transformando o excedente de geração em novas receitas e aumentando a eficiência de seus ativos.

Referências

  1. Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Sumário executivo – avaliação das condições eletroenergéticas para o planejamento da operação de médio prazo. ONS, Janeiro 2024.
  2. Redação MegaWhat. Geradoras renováveis tiveram prejuízo de R$ 880 mi por curtailment, aponta Volt Robotics. Maio 2025.
  3. Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Sistemas de armazenamento de energia elétrica (SAE) com centrais geradoras. 2025.
  4. OptGrid. OptGrid: The intelligent platform for hybrid microgrids sizing, dispatch and monitoring systems.